Matéria publicada na revista Você S/A em outubro de 2004
Quer enriquecer? Pergunte-me como
Como os vendedores da Herbalife fazem carreira e
fortuna oferecendo shakes e tabletes para emagrecer
Perder peso rapidamente com saúde e sem sofrimento.
Esse é o sonho da maioria das pessoas que vive com uns quilinhos a mais,
brigando com a balança. Muitas pagariam qualquer preço para encontrar a fórmula
mágica do corpo perfeito. A Herbalife, uma das líderes da indústria de redução
de peso e nutrição, não ignorou esse desejo. Transformou essa busca num negócio
pra lá de milionário. Para isso, montou um exército de supervendedores e
distribuidores altamente treinados e persuasivos em todo o mundo. Você já deve
ter visto um deles por aí. Geralmente eles usam um botton preso à camisa com os
dizeres "Quer perder peso? Pergunte-me como", quando não espalham
adesivos com os dizeres nos vidros do carro. Se você tiver mesmo essa
curiosidade e perguntar, se prepare: o vendedor vai agendar uma visita e lhe
apresentar um arsenal de shakes, tabletes e bebidas que prometem acabar de vez
com os pneuzinhos, a barriga e a celulite. É difícil resistir às habilidades do
vendedor, que raramente perde uma venda. E, enquanto você emagrece, ele engorda
a conta corrente. Há casos de profissionais da Herbalife ganhando R$100mil por mês, mais do que muito presidente
de grande empresa por aí.
de grande empresa por aí.
A venda de porta em porta, além de ser o alicerce do
negócio da Herbalife, tem sido o caminho para a independência financeira de
inúmeros de seus profissionais. É o caso, por exemplo, do administrador de
empresas paulistano Fábio Fujihara, de 36 anos. Ele, que começou nesta
carreira há nove anos vendendo um shake emagrecedor para os amigos mais
próximos, já conquistou o patrimônio de um milhão de reais. "Comecei a
ganhar mais de 100.000 reais por mês no ano passado", afirma.
Fujihara tinha uma empresa de equipamentos médicos em
sociedade com o irmão e aproveitava o pouco tempo que sobrava para vender os
produtos da Herbalife. As vendas começaram a crescer e ele decidiu se dedicar
integralmente à carreira de vendedor. Outro fator também o impulsionou para
essa virada: ele perdeu 7,5 quilos com os shakes e tabletes e acredita na proposta
com conhecimento de causa. A princípio, a opção de Fujihara pelas vendas foi
vista com reserva pelos familiares e amigos, que desconfiavam da atividade.
"Para evitar maiores constrangimentos, eu me passava por intermediário e
inventava que um amigo era o vendedor", conta. "As pessoas se
impressionavam quando viam o quanto eu tinha emagrecido e queriam saber mais
detalhes. Aí eu falava do shake." O valor do kit varia de acordo com os
produtos adquiridos, mas a média que o cliente investe é R$200 por
compra.
Hoje, Fujihara mostra com orgulho os carros que têm em
sua garagem: uma Mercedes, uma BMW, um Volvo e um Audi, frota que seria
praticamente impossível de ser montada se tivesse continuado com o negócio de
equipamentos médicos. Ele mora em Londrina, no Paraná, e já desfruta de uma
vida digna dos "bem-aventurados". Viaja cerca de quatro vezes por ano
ao exterior, sempre de primeira classe e acompanhado da esposa. Seu patrimônio
inclui uma casa de 400 metros quadrados em Campos do Jordão e um sítio próximo
a São Paulo, com direito a muito conforto. Trabalha em casa cerca de oito horas
por dia e tem toda a flexibilidade do mundo. Seu próximo passo será a
construção de outra casa, só que dessa vez de 1.000 metros quadrados - na
Califórnia, Estados Unidos. "Tenho uma equipe de vendedores por lá e quero
fortalecer meus negócios na região", justifica.
Receita do sucesso
A receita para se chegar ao patamar no qual se
encontra Fujihara é simples. A Herbalife recorre ao denominado marketing de rede, cuja estratégia principal para expandir as vendas está baseada na
recomendação boca a boca entre os usuários e vendedores. A empresa incentiva o
distribuidor (vendedor de produtos) a formar uma equipe de vendas, que fica
sendo sua subordinada. Ele passa, a partir daí, a ganhar comissão de 5% sobre
as vendas dos outros. Como cada membro da equipe também é estimulado a criar o
seu time, agregando novos vendedores, o negócio cresce em progressão
geométrica. O time de Fujihara, por exemplo, tem mais de 3mil pessoas
espalhadas por 12 países. Esse sistema segue o modelo consagrado pela
norte-americana Amway para ganhar o mercado brasileiro nos anos 80.
A Herbalife também recorre a expedientes como reuniões
para arregimentar novos vendedores. Nesses encontros são utilizadas técnicas
agressivas de motivação, com depoimentos de pessoas que ganharam verdadeiras
fortunas. As platéias entram em euforia lembrando, muitas vezes, o clima de um
culto religioso. A diferença é que as reverências vão para os negócios e para os
vendedores. Alguns deles chegam até a distribuir autógrafos, como astros pop.
O sucesso parece brindar aqueles que se dedicam
arduamente ao negócio, como é o caso do professor de caratê israelense Eli
Elimelech, de 41 anos. Ele chegou ao Brasil em 1997 decidido a investir na
Herbalife. "Comecei a fazer clientes na primeira semana, apesar da
barreira da língua. A minha dedicação era em tempo integral", lembra.
Atualmente, a equipe dele tem 250 membros e atende a uma clientela de cerca de
3mil pessoas. Os rendimentos médios de Elimelech variam entre R$80mil e R$100mil reais por mês. Além de atuar em cinco Estados brasileiros, a amplitude da rede
formada por ele já fez suas vendas atravessarem as fronteiras de países como
Argentina e Estados Unidos. "Se continuar neste patamar, estarei
milionário até o final do ano", comemora. Com a vida ganha, Elimelech, que
diz manter seu peso consumindo os produtos da Herbalife, já realizou junto com
sua família o sonho de viajar pelo mundo. "Conhecemos uns 20 países.
Somente neste ano fomos 4 vezes ao exterior", conta.
Terreno fértil
Dados divulgados pela Herbalife demonstram que, no
acumulado do ano, a companhia já distribuiu mais de R$ 120 milhões em lucros
sobre a revenda de produtos, bônus e comissões aos seus distribuidores no
Brasil. Para a diretora-geral da Herbalife, Eneida Bini, a transformação da
vida financeira dos vendedores é uma característica inerente ao negócio.
"Há casos em que as pessoas não tinham sequer emprego e conseguiram qualidade
e melhora em suas expectativas", diz. Egressa da Avon, onde se tornou a
primeira mulher a comandar a empresa no Brasil, Eneida acredita que o marketing
de rede é uma tendência mundial. "Houve um grande crescimento pela procura
de emprego e as pessoas estão buscando novas oportunidades de negócios",
justifica. O terreno para o crescimento da Herbalife no Brasil tem se mostrado
fértil. Entre 2002 e 2003, a companhia, que não divulga seu faturamento, obteve
um crescimento de 50%. A empresa tem atualmente 90mil distribuidores no país.
De acordo com Eneida, um levantamento feito em junho deste ano demonstrou que
0,5% dos distribuidores tem ganhos acima de R$8mil mensais, e somente 1%
ganha acima de 20 salários mensais. A média geral é de cinco salários mínimos
mensais. "Houve um grande aumento de consciência sobre a saúde e o
bem-estar", diz a executiva. "E isso tem feito bem
aos nossos negócios."
aos nossos negócios."
Henrique M. Filho, de 35 anos, pegou carona no
crescimento dessa tendência. Formado em administração pela Fundação Getulio
Vargas, ele decidiu há dez anos deixar para trás o emprego de supervisor na
DPaschoal para apostar na carreira de vendedor de produtos da Herbalife. O
objetivo inicial era ter mais tempo livre para surfar, uma de suas paixões.
Três meses depois, no entanto, já estava se dedicando ao novo trabalho em
período integral. Sua retirada mensal gira em torno de R$100mil.
Atualmente, ele está construindo uma casa de 500m2 com piscina,
churrasqueira, sauna e home theater. Seu patrimônio é formado ainda por uma
residência de 300m2 na praia de Ubatuba, litoral de São Paulo, e
dois escritórios. "Tiro dois meses de férias por ano, mas chego a
trabalhar dez dias sem trégua quando há necessidade", revela.
E, então, qual é o seu sonho? Se for perder peso, a
Herbalife garante que pode atender. Se for ganhar muito dinheiro, também. Os
vendedores da empresa não têm dúvida disso, a ponto de encarar o ritual de
vendas quase como uma religião. A questão é: você está disposto a rezar por
essa cartilha?
O vendedor Herbalife
Conheça o perfil dos vendedores da multinacional
americana:
1. É comunicativo e desinibido
2. É persistente
3. Não tem necessariamente uma formação acadêmica
4. Tem espírito empreendedor e uma boa rede de contatos
5. Sabe como manter e motivar sua equipe
6. Usou os produtos Herbalife e perdeu alguns quilos - é a prova de que os produtos funcionam
Culto ao produto
Para chamar a atenção dos consumidores, a Herbalife
orienta seus vendedores e supervisores a utilizar três ferramentas básicas. A
primeira são os famosos bottons com o slogan "Quer perder peso?
Pergunte-me como". Eles chamam a atenção e servem de ponto de partida para
a conversa. Os profissionais mais agressivos chegam até a pintar o carro com as
cores e o logo da Herbalife para uma divulgação maior. A segunda é o próprio
corpo dos vendedores. Como a maioria deles foi ou é usuária dos produtos, é
comum, por exemplo, eles próprios exibirem suas fotos para convencer o cliente
no momento da venda. Ali, instantaneamente, o futuro comprador tem uma idéia do
antes e do depois do tratamento. A terceira arma é o discurso articulado. A
empresa orienta seu pessoal a manter uma postura positiva enquanto negocia.
Para driblar eventuais recusas, a ordem é demonstrar empatia em relação aos
argumentos do interlocutor, para, em seguida, mostrar outros aspectos e
benefícios dos produtos. Todas essas técnicas são ensinadas nos eventos da
Herbalife, geralmente comandados pelos supervisores. É uma grande festa, quase
sempre embalada por músicas estridentes dos anos 80 e 90. O encontro começa com
a exibição de um vídeo em que aparece o fundador da companhia, o americano Mark
Hughes. É a primeira injeção de motivação. Hughes fala, entre outras coisas, do
preconceito de muitas pessoas que, no passado, não consideravam a venda de
produtos Herbalife um trabalho decente. Na seqüência, o vídeo fala dos
consumidores ávidos por produtos da indústria do bem-estar. É quando os supervisores
presentes sobem ao palco para contar suas experiências. Há casos de
profissionais que abandonaram carreiras sólidas, faculdade e até MBAs para se
tornar vendedores da Herbalife. Após cada relato, a música invade o salão com
toda força. "Cada distribuidor organiza seu próprio evento, mas as músicas
devem ser motivacionais e mexer com a energia da platéia", afirma Eneida
Bini. Ela discorda, no entanto, que a fórmula da empresa lembre o modelo dos
cultos religiosos. "A base não é essa. As pessoas que fazem as vendas
acabam se entusiasmando, o que gera uma vibração positiva. Elas realmente
acreditam no que estão fazendo."
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